O Corinthians recebeu uma notícia desfavorável esta semana, depois que a Caixa Econômica Federal rejeitou a proposta de renegociação da dívida da Neo Química Arena feita pela gestão de Duilio Monteiro Alves. A informação foi divulgada em primeira mão pela ESPN Brasil.
A recusa do banco, quando a expectativa era por um acordo, gerou incertezas sobre como o Timão resolverá o problema que afeta suas finanças há uma década. Ao que tudo indica, encontrar um acordo financeiramente viável não será tarefa fácil.
De acordo com informações obtidas pela ESPN Brasil, a oferta do Corinthians era pagar um total de R$ 531,51 milhões à Caixa, divididos em duas partes: primeiro com o repasse do dinheiro recebido da Hypera Pharma no contrato de naming rights da Arena e depois com créditos que seriam adquiridos em contratos de FCVS. A sigla, que significa Fundo de Compensação de Variações Salariais, na prática funciona como dívidas do Governo e do Tesouro Nacional que pertencem a um fundo do banco.
No entanto, a dívida para quitar a Neo Química Arena é maior do que o valor proposto pelo Corinthians, que ouviu da Caixa que as alternativas de pagamento eram “inviáveis”. Em entrevista exclusiva à ESPN Brasil, o diretor financeiro do Corinthians, Rozallah Santoro, explicou o tamanho da dívida e detalhou como está sendo feito o pagamento desde 2022.
“A última versão da negociação com a Caixa foi realizada no final de 2021, na qual tivemos um saldo devedor atualizado para R$ 611 milhões. Essa renegociação foi alterada. Tivemos que aceitar uma mudança na taxa para CDI e, sem fazer muitos cálculos, a dívida passou de R$ 550 milhões para R$ 700 milhões. Sabíamos que essa era a dívida, nunca escondemos”, disse o dirigente, que assumiu o departamento após a posse da chapa do presidente Augusto Melo em janeiro.
“Tivemos um período de carência durante 2022, começamos a pagar juros em 2023, um total de R$ 100 milhões em quatro parcelas trimestrais. A última parcela não foi paga integralmente, apenas parcialmente, e será quitada no final de fevereiro. E esperamos que ao longo deste ano, devido à queda na taxa de juros, a conta de juros seja reduzida de R$ 100 milhões para R$ 80 milhões. Mas isso só paga os juros e continuarei devendo R$ 700 milhões. Não amortiza nada da dívida”, completou.
Com a recusa da Caixa, o Corinthians busca maneiras de retomar as negociações, em um cenário que ainda não está claro nos bastidores do clube.
“Não é um problema insolúvel. Temos algumas alternativas em mente, mas precisamos alinhar com a Caixa para entender. Dado que ela já deu uma negativa formal, a última coisa que quero é ter outra negativa. Então, o que precisamos fazer é, diante da negativa formal, ter uma conversa com a Caixa, apresentar algumas alternativas e entender com a Caixa qual caminho seguir”, afirmou.
“O tom da resposta [da Caixa] é muito na linha de ‘não dá para aceitar isso’. Então, resumindo, não dá para aceitar nada do que você me propôs”, acrescentou.
Segundo Santoro, a proposta recusada pela Caixa era favorável ao Corinthians, mas uma questão técnica na apresentação da proposta fez com que fosse rejeitada.
“Era uma proposta que era boa para o Corinthians, mas desde a primeira vez em que foi apresentada, ficou claro que não eram precatórios, mas sim FCVS. Minha primeira reação foi: vocês sabem que FCVS é um crédito habitacional? Sabem que a Neo Química Arena não é um imóvel habitacional, então claramente você tem um tipo de crédito que não combina com a proposta de quitação que foi feita”, avaliou o diretor, que confirmou que, nas contas atuais, o clube não tem condições de quitar a dívida imediatamente, embora haja possibilidades para o futuro.
“O clube possui uma receita expressiva. Se considerarmos que o ano passado deve fechar com uma receita em torno de R$ 950 milhões e que isso resultará em um resultado operacional bruto de cerca de R$ 200 milhões, temos um fluxo positivo na mesa. Se sua pergunta é se temos condições de pagar, a resposta é: hoje não, porque estamos apertados com o fluxo de caixa”, disse.
“Mas se conseguirmos de alguma forma estender essa dívida vencida, seja através de um acordo ou buscando um crédito no mercado que nos permita quitar a dívida e assumir uma nova com outra instituição. A Arena está parcelada em 20 anos. Quando olho para os impostos, eles estão parcelados em 12 anos”, concluiu.
De acordo com a fonte espn.com.br